Escrito por Fábio Godoi, em 29/07/2011.
Enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis
Os Miseráveis é um romance de valor intangível do grande escritor Victor Hugo, expoente escritor, no que se refere ao realismo. Nesta obra, ele tira o véu da frente de nossos olhos e escruta a pobreza, a miséria, a exploração da criança, o abandono dos idosos. O horizonte que traz esse livro é de uma tristeza confrangedora e baça como uma mortalha, não mede esforços para dizer toda a verdade sobre a miséria, tudo o que já sabemos, mas temos medo de admitir.
Entes que vivem na ignorância, nas trevas, sem a luz, ou seja, analfabetos, sem estudos, sem oportunidade, na última, ou melhor, debaixo da última camada social são expostos nesta obra. Com uma descrição descomunal, ele amálgama história, filosofia e geografia, incrustando uma história ímpar e singular de uma transformação completa de um forçado das galés*.
Jean Valjean, protagonista, é condenado a cinco anos de trabalhos forçados, por roubar um pão, para alimentar sua família que morria de fome. O desespero levou-o ao ato criminoso. Todavia, a injustiça de uma pena incomum, por um crime famélico criou um sentimento soez dentro de seu coração que o levou a várias tentativas de fuga, aumentando em quatorze anos sua pena, no total, 19 anos nas galés por um pão roubado.
Vale salientar que as galés não são uma prisão comum, são dos piores lugares onde um facínora poderia imaginar pagar seus crimes. Para se ter uma ideia, a Prisão de Guantánamo hoje seria férias na Disneylândia para esses condenados. Após cumprir sua lúgubre pena, Jean Valjean sai com um sentimento vil, querendo se vingar da torpe sociedade preconceituosa, pois agora seu passaporte é amarelo, ou seja, está marcado pelo opróbrio de ser um ex-forçado. Victor Hugo mostra que a “liberdade não é estar solto, pode-se sair da prisão, mas não da condenação”.
Nesse ínterim, o Bispo de Digne, Charles-François-Bienvenu Myriel, lhe estendeu a mão, inimigo de qualquer preconceito, abre as portas de seu simples lar para Jean, no qual, foi recebido como uma pessoa “normal” ; arrumou a melhor cama e deu-lhe de comer, tirando até mesmo da gaveta os talheres de prata, que somente usava para jantares com pessoas importantes.
A vida de Jean Valjean após conhecer o Bispo, Monsenhor Bienvenu, nunca mais seria a mesma. A partir desse ponto, dá-se sua primeira: Jean Valjean cria uma consciência. Poderemos acreditar que um ex-forçado das galés, prisioneiro violento de alta periculosidade, possa de espontânea vontade mudar para o bem? O Bispo conseguirá resgatar a alma que está enveredada no caminho do mal? Essas respostas são apenas alguns fatos que vocês saberão ao deglutir está obra.
*Antiga embarcação de vela e remos no qual eram os condenados obrigados a remar.
[fabio9430@gmail.com]
Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/533/mais-gostaram/
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